CAMPANHA SALARIAL - RESULTADO: INSATISFAÇÃO/FALTA DE REFLEXÃO
12/06/2011 11:07Antes mesmo de falar sobre os fatos ocorridos na última assembleia, é preciso esclarecer quais são as estratégias usadas em uma campanha salarial, para que as pessoas possam refletir de forma conjunta.
Quando inciamos as reuniões preparatórias - este deputado, o vereador e os presidentes das entidades - todos já estavam ouvindo o governo dizer que neste ano não haveria reajuste para os servidores públicos de Minas. Mesmo com que este tipo de anúncio veiculando na imprensa, partimos para a organização e mobilização de nossa classe.
Qual o efeito prático de uma assembleia de servidores? Dentre outros, serve para cobrar e pressionar o governo, fazendo com que sinta o clima de pressão e avalie se compensa partir para um enfrentamento.
Assim, fizemos a primeira assembleia e tivemos a presença de cerca de 8 mil policiais e bombeiros. Com o ótimo resultado, fizemos a segunda assembleia e saímos em passeata pelas ruas de Belo Horizonte, acompanhados de quase 12 mil companheiros. Mais uma vez, demos grande demonstração de força.
Permanecemos mobilizados para a terceira assembleia, no dia 08 de junho, para a qual tínhamos como estratégia levar o máximo de pessoas. Enquanto isso, buscávamos abrir as negociações com o governo. No dia 05 de maio, conseguimos uma agenda com os secretários de Defesa Social e de Planejamento e Gestão, Lafayette de Andrada e Renata Vilhena, e entregamos nossa proposta, elaborada de acordo com o que todos nós entendemos que seria o justo para a classe, ou seja, com a reivindicação do piso de R$ 4 mil. Saímos de lá com uma nova agenda marcada para dia 25 de maio. Enquanto isso, passamos a mobilizar nossa classe para o dia 08 de junho.
Qualquer policial ou bombeiro militar deste Estado sabe perfeitamente que governo nenhum, seja municipal, estadual ou federal concede um reajuste deste porte de uma única vez.
No dia 25 de maio, para a nossa decepção e frustração, o governo apenas nos apresentou uma evolução do impacto da folha nos cofres públicos caso nos fosse dado o piso de R$ 4 mil de uma só vez. Eles sequer nos apresentaram uma contraproposta. Nesta oportunidade, todos nós – deputado, vereador e presidentes de entidades - cobramos uma resposta rápida, exigindo do governo que o anúncio do índice fosse feito até, no máximo, o dia 06 de junho - dois dias antes de nossa assembleia.
Assim aconteceu e, no dia 06 de junho, o governo nos chamou para uma reunião às 15 horas e apresentou a primeira proposta, já alcançando valor do piso que pedimos, mas, a forma de parcelamento proposta desagradou a todos nós que, de imediato, a recusamos. Por meio de nota publicada nos nossos sites, informamos a classe e mantivemos nossa mobilização. Desta forma, havíamos obtido uma primeira conquista, pois o piso de R$ 4 mil já estava anunciado pelo governo. Faltava, então, negociar a melhoria dos valores das parcelas e datas de concessão. A partir daí, intensificamos as negociações com o governo e, depois de muito esforço, conseguimos chegar à proposta final, que trouxe significativos avanços em relação a primeira anunciada pelo governo.
Foi o que nós queríamos? Não! Durante as negociações, defendemos o tempo todo que as maiores porcentagens fossem pagas nas primeiras parcelas, invertendo, assim, a ordem anunciada. Mas isso não foi possível. Fomos até o limite de uma negociação!
No dia 08, na assembleia dos policiais e bombeiros, durante o anúncio da proposta final, tivemos muitos companheiros exaltados, gritando, tomando até o microfone das nossas mãos, e vários fizeram uso da palavra. Apesar dos muitos xingamentos, das discordâncias em relação à proposta, nenhum daqueles que estavam mais exaltados, vaiando, apresentou uma proposta ou uma solução melhor. Muitos queriam descer em passeata, outros falavam em greve, sem saber, de fato, o que queriam.
É preciso que alguns companheiros, principalmente entre aqueles que estavam mais exaltados, busquem em suas memórias o quanto nós, representantes, já trabalhamos pela classe e reflitam, desde 1997, quantas conquistas já foram alcançadas. Para que todos possam, de fato, AVALIAR o resultado das negociações, é preciso lembrar das outras vezes que lutamos por reajuste:
- em 1997, durante nossa greve, perdemos o companheiro cabo Valério, 186 companheiros foram expulsos, mais de 5 mil foram presos e 1.759 foram indiciados em IPMs;
- durante o governo Itamar Franco obtivemos, em 04 anos, um reajuste de 62%;
- em 2004, no dia 06 de junho, o governo Aécio anunciou o reajuste de 6%, após muita luta e este deputado e o vereador cabo Júlio invadirmos o prédio do COPOM, motivo pelo qual estamos, até hoje, indiciados pelo crime de motim. Operamos a rede de rádio pedindo a tropa para parar. Com essa pressão, conseguimos ARRANCAR, A FÓRCEPS, um total de 33%, divididos em parcelas: 6% julho/2004; 10% Fevereiro/2005; 4% julho de 2005 e 10% fevereiro/2006. Mesmo assim, durante assembleia da classe, na porta da Assembleia Legislativa, exatamente no dia o8 de junho de 2004, quando anunciamos o resultado, fomos vaiados e nos acusaram até mesmo de ter aceitado dinheiro do governo;
- em 8 anos de governo Aécio, conseguimos um total de 104% de reajuste.
Agora, fizemos todo esforço possível para melhorar a forma de parcelamento, pois não concordamos com ela. Mas, quem já participou de uma negociação com o governo, sabe que chega um momento em que nos é dito: “Até aqui nós podemos ir; daí para frente vocês fazem o que bem entenderem e arquem com as consequências”.
É necessário que todos compreendam que numa negociação você vai até a corda esticar; a partir de um certo ponto, ela fica muita perigosa e nós tínhamos essa exata noção. O que mais queríamos eram parcelas maiores, em um menor espaço de tempo, mas, entre a nossa vontade e aquilo que o governo oferece existe uma distância.
Além disso, nos preocupamos com o desdobramento de uma passeata feita com alguns companheiros que estavam muito exaltados - tanto que nem esperaram o término da assembleia. O tempo vai mostrar a eles, aos que nos chamam de traíras, de lero lero, e aos que estavam ali apenas insuflando a tropa para, mais adiante, tirar algum proveito, que tomamos a melhor decisão não radicalizando o movimento.
Conseguimos o piso de R$4.098,00, que será alcançado parceladamente, em 04 anos, chegando ao total de 101% de reajuste. Mas, caso tenha algum companheiro achando que é pouco, peço que me aponte outra categoria de servidor público ou do setor privado que vai alcançar esses índices em quatro anos?
A título de exemplo, veja como vai ficar o salário do soldado, do cabo e do terceiro sargento reformados:
- soldado, com seis quinquênios e trintenário, vai receber R$ 6.967,00;
- cabo, com seis quinquênios mais trintenário, vai receber R$ 8.063,00;
- terceiro sargento, com seis quinquênios e trintenário, vai receber R$ 9.303,00.
Caso algum companheiro não tenha feito a comparação, é bom que faça, pois, nos próximos quatro anos, vamos dobrar o salário de toda nossa classe, inclusive dos reformados, da reserva e pensionistas.
Para os mais exaltados que queiram refletir, fiquem à vontade; para aqueles mais novos, que não passaram o que os mais antigos passaram, está na hora de conhecerem melhor a nossa luta, a nossa trajetória, até mesmo para poder fazer uma crítica mais equilibrada. Se podemos lutar de forma inteligente e alcançar nossos objetivos, é melhor do que dar murro em ponta de faca.
Fonte: Deputado Sargento Rodrigues
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