ENTREVISTA COM O CABO JÚLIO SOBRE AS ELEIÇÕES 2012

11/10/2012 18:23
1 - Qual a sua avaliação sobre as eleições em BH?
Cabo Júlio:
Quando se entra em uma campanha nós vislumbramos vários cenários. O que vimos foram vários candidatos praças que diluíram os votos. Houve pelo menos 20 candidatos que não tiveram votos suficientes, mas acabaram tirando votos meus e do Gonzaga. Isso é ruim para a classe. Felizmente, elegemos um vereador que é o Piccinini que apesar de ser um coronel, é presidente de uma entidade representativa e não vai pelegar. Ele será nosso representante na Câmara. Desejo sucesso a ele. Foi uma campanha de baixo nível, nunca vi outra igual, não sei a quem isso interessa. Recebi vários dossiês de todo mundo contra todo mundo. Na ultima semana de campanha recebi ameaças e mensagens ofensivas a minha esposa e meus filhos no celular. Mas, ainda assim, faz parte. Quem faz isso terá contas a prestar a sua consciência. 


2 - Quais são seus planos agora?
Cabo Júlio:
Desde que essa coligação entre PMDB e PT foi feita por determinação pessoal da Presidente Dilma eu disse que ela seria prejudicial para o PMDB. Foi uma coligação para privilegiar o partido da Presidenta (PT) em detrimento do Partido do Vice-Presidente (PMDB). Nas últimas eleições eu tive quase 45 mil votos, mesmo estando sozinho em oposição ferrenha ao governo e ao comando, sem dinheiro e sem estrutura governamental. Não fui eleito, ainda que tenham sido eleitos 17 deputados com menos votos que eu. É o problema do sistema eleitoral brasileiro, onde o menos votado entra e o mais votado fica de fora. Nesta eleição municipal foi eleito um vereador com pouco mais de 3 mil votos. Com a eleição de um colega da bancada de deputados serei chamado ainda este ano para assumir a vaga de Deputado Estadual. Será um desafio, pois cada parlamento é diferente. 


3 - Como será seu posicionamento como Deputado Estadual?
Cabo Júlio:
a classe conhece meu posicionamento, não sou incoerente nem tenho meias palavras, ou é ou não é. Não nasci para ser subserviente. Por isso militei sempre na oposição, cobrando, denunciando e lutando contra as covardias a nossos colegas. Na Assembléia serei intransigente contra as arbitrariedades que existem contra a nossa classe. Prioritariamente temos 7 eixos onde serei um árduo defensor: 1 - a lei de promoções que foi feita com nome e sobrenome (ela aumenta o numero de vagas para Tenente Coronel em quase 200%, e cabos e soldados não modifica nada, para sargentos ela prevê que o 1º Sgt gastará até 24 anos de sargento para ser promovido a Subtenente, o que é uma covardia; 2 – a Covardia com os incapacitados e inválidos da PM, pois a lei não foi clara e por não ter clareza ela tem como base a negativa sempre de reconhecer esse direito; 3 – A ilegalidade da lei ter retroagido para prejudicar no caso dos desertores é uma excrescência, uma covardia. 4-  Os casos de abusos de poder que ainda existem. 5 – O grande problema de efetivo do Corpo de Bombeiros; 6 – O HPM que está faltando tudo e nossos colegas muitas vezes tem que comprar medicamentos com seu próprio dinheiro e; 7 – O mais importante que é a questão salarial que precisa ser acompanhada. A produtividade até hoje não tem data para ser paga.


4 – Como será sua relação com o Governo e com o Comando?
Cabo Julio
: Com o Governador Anastasia e com o Senador Aécio Neves, apesar de termos muitos anos caminhados em campos opostos, atualmente transito  muito bem, com clareza e fidalguia. Na minha última reunião com o Secretário Danilo de Castro deixei claro minha posição. Com o Comando do Corpo de Bombeiros é uma relação muito tranqüila, pois o Cel Silvio é uma pessoa séria e tranqüila, além de justo. Já com o Comando da Polícia Militar, apesar de ter uma relação muito cordial com o CHEM, Cel Brito, será uma relação de oposição ferrenha. Se depender de mim o Comandante da PM será convocado todo dia na Assembléia Legislativa. Eu acredito que a última palavra na PM é do Comandante Geral, se ele vislumbra atos errados ele tem a obrigação de anular. O que acontece, para não ficar mal com o outro comandante, acaba ratificando o erro e o militar fica prejudicado por uma vaidade de coronéis. Vejamos o caso das instruções da corregedoria, muitas delas são interpretações contrárias ao Código de Ética, que é lei. Só uma lei pode alterar outra lei. Eles usam e abusam de atos que não lhes cabem.


5 – Qual o grande recado das urnas?
Cabo Júlio:
  Que não podemos esmorecer nas questões políticas de nossa classe. Tivemos vários candidatos a vereador que não foram eleitos por desorganização nossa. Temos que parar de pensar em nós mesmos e pensar na classe. Essa história de sair candidato para pegar os três meses de licença e ter mixaria de votos é democrática, mas prejudicial a classe. No meu caso, tranqüilo, vou para outro parlamento, sou representante de classe através de uma associação, sou advogado. Mas em cidades importantes como Contagem, Betim, Uberlândia, Uberaba não elegemos ninguém. 


6 – Qual seu aprendizado pessoal com esta campanha?
Cabo Júlio:
Eu não tenho mais vaidades com o parlamento, não fico mais vislumbrado. Já fui Deputado Federal por dois mandatos. Já fui Vereador em nossa capital, tendo ocupado o cargo de Secretário Geral, e agora vou para a Assembléia Legislativa. Ao mesmo tempo procurei me qualificar como pessoa, fiz duas faculdades, uma pós graduação e ano que vem inicio o Mestrado em Direito. Tenho várias formas de lutar por minha classe: no parlamento, nas associações e no mundo jurídico. O grande aprendizado é que não podemos voltar a ser aquele elefante branco amarrado a um pé de alface, que não sabe sua força e por isso não se solta e é escravizado se tornando um cidadão sem direitos. Nossa classe é forte, tem votos, nossas entidades são fortes. Com esta campanha em BH adiantamos o processo de conhecimento de 2014. O meu pai me ensinou a fazer de um limão, uma limonada sempre. Obrigado a todos.
 
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