Governo da Líbia rejeita condições de rebeldes para cessar-fogo

02/04/2011 16:39

 

'Se isso não é loucura, não sei o que é', disse porta-voz do governo.
Conselho de rebelados fez proposta em troca de fim de ofensiva a cidades.
 
 

O governo líbio rejeitou na sexta-feira (1º) as condições impostas pelos rebeldes para um cessar-fogo, alegando que as tropas líbias não deixarão as cidades ocupadas, como exigido pela oposição.

"Eles estão nos pedindo para sair das nossas próprias cidades... Se isso não é loucura, não sei o que é. Não vamos deixar as nossas cidades", disse o porta-voz do governo Mussa Ibrahim.

A proposta de um cessar-fogo havia sido anunciada por Mustafa Abdel Jalil, membro do Conselho Nacional de Transição (CNT), que reúne os rebelados, caso as forças de Kadhafi suspenderem a ofensiva contra as cidades sob controle dos insurgentes.

Brega
Rebeldes líbios seguiram com armamento mais pesado para a cidade petrolífera de Brega e tentaram formar uma força mais disciplinada com suas unidades improvisadas para recuperar o ânimo contra o Exército regular de Muammar Kadhafi.

Enquanto a ação militar parecia caminhar para um impasse, os esforços diplomáticos da coalizão buscavam abalar o poder de Kadhafi em Trípoli. Londres exortou as pessoas leais a Kadhafi a abandoná-lo, seguindo a deserção do ministro das Relações Exteriores Moussa Koussa.

Os rebeldes disseram que nenhum lado pode reclamar o controle de Brega, uma de várias cidades petrolíferas ao longo da costa do Mediterrâneo que foram ocupadas e perdidas diversas vezes pelos dois adversários nas últimas semanas. Os insurgentes não conseguiram manter suas posições nem mesmo com a ajuda dos ataques aéreos do Ocidente.

 

A Líbia enfrenta uma batalha desde o começo deste ano, quando manifestações pedindo a renúncia do ditador Kadhafi, há 42 anos no poder, se tornaram confrontos violentos e passaram a ser reprimidos com força pelo regime.

Nesta sexta-feira havia sinais de uma abordagem mais organizada. Os revoltosos afirmaram que mais oficiais treinados estão no front, foguetes mais pesados foram vistos rumando para Ajdabiyah na noite de quinta-feira e o posto de passagem estava verificando quem atravessava.

"Só quem tem armas pesadas está podendo passar. Civis sem armas são proibidos", disse Ahmed Zaitoun, um dos combatentes rebeldes e parte de uma brigada de voluntários civis que receberam mais treinamento que a maioria.

"Hoje temos oficiais indo conosco. Antes íamos sozinhos", disse ele, e apontou um homem que reclamava por ser detido em um posto de passagem, acrescentando: "Ele é um garoto e não tem arma. O que vai fazer lá?"

Na estrada entre Ajdabiyah e a "capital rebelde" Benghazi, armas eram posicionadas em valas recém cavadas mirando Ajdabiyah e o front de batalha, o primeiro sinal de posições de defesa organizada protegendo Benghazi.

Misrata
Forças leais ao ditador estão atacando nesta sexta-feira a cidade de Misrata, controlada pelos rebeldes antigoverno, segundo um porta-voz oposicionista.

Os ataques ocorrem no centro da cidade, e lojas e casas estão sendo alvejadas. Tanques, granadas lançadas de foguetes e morteiros estão sendo usados.

Ainda não havia confirmação independente.

No dia 17 deste mês, a Organização das Nações Unidas (ONU) aprovou uma resolução que valida quaisquer medidas necessárias para impedir um massacre de civis.

Dois dias depois, a coalizão internacional liderada por Estados Unidos, França e Grã-Bretanha começou a bombardear a Líbia.

Apesar de os ataques americanos terem afetado bastante a capacidade militar líbia, os rebeldes não conseguiram aproveitar a circunstância para "virar o jogo" militarmente, e as forças de Kadhafi seguiam ganhando terreno rumo ao leste.

Rebeldes guardam entrada da cidade de Ajdabiyah nesta sexta-feira (1º) (Foto: AP)

Rebeldes guardam entrada da cidade de Ajdabiyah nesta sexta-feira (1º) (Foto: AP)

Tiros em Trípoli
Tiros de armas pesadas e automáticas foram ouvidos no centro de Trípoli, capital da Líbia, na madrugada desta sexta, segundo testemunhas.

Não ficou claro o que gerou o tiroteio, que durou cerca de 20 minutos e parou antes de amanhecer. Carros aceleravam pelas ruas centrais.

A capital é o principal reduto de Kadhafi e é onde fica seu complexo fortificado Bab al-Aziziyah.

Fonte: https://g1.globo.com

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