Lei que proíbe sacola é 'para tapar o sol com a peneira'

24/04/2011 21:27

Mais do que banir as sacolas plásticas, especialistas apontam que é preciso pensar em um fim ambientalmente correto para outras embalagens

A sacola plástica foi escolhida como a vilã do meio ambiente. Desde a semana passada, o seu uso no comércio de Belo Horizonte está proibido. Mas especialistas afirmam que a restrição pode ser considerada apenas como a ponta de um iceberg, já que existem outras embalagens capazes de degradar a natureza. Nestes casos, ainda são poucas as medidas de controle para o descarte correto destes materiais.


Somente metais e plásticos, usados para acondicionar produtos, demoram entre 100 a 400 anos, respectivamente, para se decomporem quando são descartados diretamente na natureza. Mesmo no caso da coleta seletiva, entraves ainda são percebidos e dificultam a reciclagem.


Em Belo Horizonte, por exemplo, a coleta seletiva de lixo da cidade está estagnada, conforme o Hoje em Dia mostrou recentemente. Não há nenhuma perspectiva de ampliar o recolhimento. Os principais empecilhos são a falta de galpões para enviar o lixo coletado e o número reduzido de pessoas interessadas em se tornarem catadores, além do desinteresse de indústrias que comprem o material vendido pelas associações.


Mesmo com essas dificuldades, o consumo consciente de todas as embalagens deve ser seguido à risca pelos brasileiros. A afirmação é da coordenadora técnica do Ministério do Meio Ambiente (MMA), Fernanda Daltro. “Quando a pessoa faz uma compra, ela pode e deve avaliar que tipo de material foi utilizado para acondicionar o produto. Ou seja, se a caixa ou aquele pote, por exemplo, são feitos de fontes renováveis, capazes de serem reutilizados”, afirma Fernanda Daltro.


Conforme a técnica, a geração de resíduos cresce com o aumento do consumo, e as embalagens são apontadas como os indicadores dessa demanda. “Quanto mais elevado o consumo, maior a produção de embalagens”, reforça a técnica.


A solução para o problema, apontada pelo MMA, é o chamado “princípio dos três erres”: reduzir, reutilizar e reciclar. Para o órgão, reduzir significa dar preferência aos produtos que ofereçam menor potencial de geração de resíduos e tenham maior durabilidade.


Reutilizar é usar novamente as embalagens. “Os potes plásticos de sorvetes servem para guardar alimentos ou outros materiais”, adverte Fernanda Daltro. E, por último, a reciclagem, que envolve a transformação dos materiais, como fabricar um produto a partir de outro já utilizado anteriormente.


Segundo a integrante do Movimento das Donas de Casa e Consumidores de Minas Gerais (MDC-MG), Marisa Pacheco, iniciativas para a preservação do meio ambiente não precisam partir necessariamente do Governo. Ela considera que a sociedade precisa fazer a sua parte para evitar a degradação da natureza.


“Os próprios consumidores podem desenvolver ou participar de projetos que contemplem a reciclagem de diferentes tipos de embalagens ofertadas no mercado”, ponderou a dona de casa, que é engajada nas causas do consumidor.


Para Marisa Pacheco, um trabalho de conscientização, envolvendo exclusivamente a preservação da natureza, deveria ser incluído como disciplina nas escolas públicas e privadas do país. “É necessário ensinar que é possível progredir sem agredir”, afirma.


Indústria se defende


A diretora executiva da Associação Brasileira de Embalagem (Abre), Luciana Pellegrino, esclarece que o setor está atento à sustentabilidade. Ela rechaça o rótulo de que as embalagens contribuem negativamente para a geração de lixo e poluição. “As embalagens têm a responsabilidade de preservar os produtos que, em média, considerando toda a cadeia produtiva, respondem por mais de 90% do impacto ambiental”, defende.


Segundo Pellegrino, estudos comprovam que durante a produção de um alimento que requer embalagem para sua conservação, exposição e comercialização, em média, metade da geração de poluição se concentra ainda no plantio, por causa da utilização de máquinas, combustíveis, fertilizantes e energia elétrica.


Ainda conforme a diretora executiva da Abre, atualmente, os materiais utilizados nas embalagens são recicláveis e passíveis de retorno à indústria como uma nova matéria-prima. “Isso poupa os recursos naturais na fabricação de itens como novas embalagens, tecidos para roupas, carpetes ou estofados”, exemplifica.


De acordo com a associação, para garantir a sustentabilidade de um produto, a responsabilidade deve ser compartilhada pelo cidadão que o consome, pela empresa que o fabricou e pelo poder público que representa a sociedade em suas ações coletivas. Nesse contexto, a Abre criou um símbolo de descarte seletivo que deve ser utilizado em conjunto com a simbologia de reciclagem que identifica cada material

Fonte: Hoje em Dia

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